domingo, 27 de fevereiro de 2011

Minha Primeira Viagem para a China

Antes de falar sobre os lugares que visitei neste país tão acolhedor e intrigante que é a China preciso primeiramente explicar o porquê de ter ido para lá.
Sempre fui apaixonada por fotografia e com freqüência visito exposições, museus e obviamente fotografo bastante. Meus temas favoritos para fotografar são natureza e arquitetura. Apesar de nunca ter estudado fotografia, sempre que voltava de uma viagem as pessoas queriam ver as minhas fotos e houve até situações que alguém gostou tanto de uma foto de uma paisagem, por exemplo, e me pediu  uma cópia de presente. Outras vezes alguém usou como pano de fundo da tela do computador uma foto que eu tirei. É claro que isso tudo me deixava muito feliz, mas eu não levava muito a sério porque achava que não passava de gentilezas de amigos. Posso dizer que várias vezes quando estive  visitando uma exposição fotográfica vi trabalhos muito parecidos com alguma coisa que eu já tinha fotografado ou feito um ensaio a respeito.
A Ana Rosa que trabalha comigo há vários anos sempre gostou muito das minhas fotos e  a cada retorno meu de uma viagem é a primeira pessoa a querer ver as minhas fotos. Um dia, em junho ou julho de 2008, se não estou enganada, quando cheguei para trabalhar a Ana Rosa me esperava com um pedacinho de jornal na mão. Ela tinha visto no Jornal do Metrô um anúncio sobre um concurso de fotografia e resolveu recortar o anúncio e me dar. Eu nunca tinha pensado em participar de um concurso de fotografia, mas ela me entregou o recorte e confiante disse: “Audy, eu vi esse anúncio e pensei em você. Por que você não participa do concurso?” Agradeci e falei para ela que ia ver as informações no site que constava lá no pedacinho de jornal. Se tratava da terceira Edição do Concurso Fotográfico Árvores de São Paulo realizado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, pelo Senac e pela Porto Seguro. Faltava apenas uma semana para encerrar as inscrições e cada participante poderia enviar até no máximo três fotos para cada uma das categorias: beleza ou relevância. Quando acabei de ler fiquei pensando que teria que encontrar uma árvore no meu caminho do trabalho para casa para fotografar e enviar a foto. Não tinha tempo para sair procurando uma árvore e fazer a foto.
 Andando pela Avenida Paulista notei que uma paineira próxima ao prédio do MASP era exatamente o que eu procurava. Como gosto muito de natureza eu conhecia aquela árvore. Atravessei a rua e a observei de vários ângulos, mas nenhum poderia me dar o enquadramento que eu queria. Então fiquei no meio da avenida naquela muretinha que separa as pistas para fazer a foto que eu tinha imaginado. Como queria inscrever a foto na categoria relevância, achei que a Paineira por si só já demonstrava a importância do verde em uma cidade com alto padrão de poluição como São Paulo. As colunas vermelhas ao do fundo do MASP mostrariam um dos museus mais lindo e importante do país. Então, fiquei esperando um ônibus azul passar e assim completar a foto que eu tinha imaginado. O ônibus tinha que ser obrigatoriamente azul para fazer o contraste com as colunas vermelhas do MASP e o verde da árvore. Consegui após algumas tentativas fazer a foto do jeito que eu queria e enviei esta única foto para o concurso. A minha máquina fotográfica era muito simples, sem nenhum recurso além de um zoom primitivo.
Em setembro de 2008 passei as minhas férias viajando pela Europa. No dia que estava vendo os meus emails no saguão do hotel em Praga,na República Tcheca, percebi que havia um da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo. Eu estava sendo comunicada que os organizadores do  Concurso Fotográfico Árvores de São Paulo haviam recebido mais de 1.000 fotos e a minha tinha sido premiada com a terceira colocação no concurso. Eu não podia acreditar! A minha alegria foi tão grande que se pudesse teria embarcado no primeiro avião de volta para o Brasil para estar presente na cerimônia de premiação e ver a minha super obra de arte exposta. Contei para o pessoal do Hotel que estava hospedada e os Tchecos abriram uma garrafa de vinho para comemorar o resultado do concurso. Eram pessoas que eu não sabia nem o nome delas mas que dividiram comigo aquele momento tão especial. 
Quando voltei para o Brasil fui direta ver a exposição no Senac Lapa. A sensação de ver a minha foto ampliada muitas vezes e emoldurada naquela parede foi maravilhosa. Fiquei ali por um longo tempo observando as pessoas que visitavam a exposição e se detinham por alguns minutos na frente daquela foto tão especial para mim. Em seguida procurei o Secretário do Verde e Meio Ambiente, Dr. Eduardo Jorge para receber o premio e falar um pouco sobre as Árvores de São Paulo.
Em fevereiro de 2010 recebi um email da Prefeitura de São Paulo informando que a cidade de São Paulo estava se preparando para participar da Exposição Universal de Xangai 2010 no Pavilhão das Melhores Práticas Urbanas (Urban Best Practise Area – UBPA) com uma simulação das mudanças ocorridas em  São Paulo antes de depois da Lei Cidade Limpa que entrou em vigor em janeiro de 2007. O Projeto gráfico era da Daniela Thomas e Felipe Tassara que fizeram uma reprodução do Edificio Copan e em cada uma das janelas que representavam os apartamentos do Copan seria posto uma foto ou informações sobre São Paulo. Artistas como Gal Oppido, Tony de Marco e Caio Silveira iriam apresentar alguns dos seus trabalhos no estante. A Prefeitura também tinha organizado outras ações para obter o material necessário para a exposição.
 Para a minha surpresa, aquela foto que tinha sido premiada no do Concurso Fotográfico Árvores de São Paulo havia sido selecionada para ser exposta em Xangai e a Prefeitura de São Paulo estava solicitando a cessão de imagem para uso exclusivo durante a Expo Xangai 2010.
Eu simplesmente não acreditava no que eu estava lendo. Então a minha foto da Paineira com as colunas do MASP e o ônibus azul seria exposta em Xangai na maior exposição do mundo? Eu respirava com dificuldade, meu coração disparado e mesmo com a voz tremula liguei para a Prefeitura para saber se eu realmente tinha entendido o que havia acabado de ler. Sim era verdade. A foto havia sido selecionada para fazer parte do estante de São Paulo na Expo Universal. Estava falando com a Daniele Roldán, coordenadora de Marketing da Prefeitura de São Paulo que tive a impressão que ela não entendia direito a minha euforia. Disse a ela que eu iria para Xangai para ver a minha foto exposta. Não sabia o que eu teria que fazer para bancar a minha viagem, mas iria para Xangai de qualquer forma.
Naquela noite eu não consegui dormi. Não dormi de alegria, de satisfação por saber que aquela foto tinha mesmo conteúdo e por isso tinha chegado tão longe. Na verdade era longe demais, do outro lado do mundo e eu precisava ir até lá. Há momentos na vida que valem mais do que muitos anos, para mim, este foi um daqueles momentos de alegria plena.
É aí que começa uma história linda de amor a arte, de respeito aos meus sentimentos e a vontade de tornar possível momentos inesquecíveis. Precisei de muita coragem e atitude para me permitir realizar o meu sonho de ir até Xangai e ver a minha foto exposta na maior e mais importante exposição do mundo.
E eu fui até lá.      

Um comentário:

  1. Que trajetória bonita Audy! Que o novo e a coragem de concretizar seus sonhos continue te nutrindo. Parabéns por acreditar e ousar. Visão e Realidade são a mesma coisa! A gente não só pode, como a gente faz acontecer! Boa viagem, e até a próxima!

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